A Historia do Funk
- thg
- 10 de jan. de 2016
- 4 min de leitura
O Funk é um
estilo bem característico da música negra norte-americana, desenvolvido a partir de meados dos anos 1960. artistas como James Brown e outros músicos, especialmente Maceo Parker e Melvin Parker, foram os percursores que a partir de uma mistura de soul music, soul jazz e R&B, deu-se o surgimento do funk. O funk pode ser mais bem reconhecido por seu ritmo sincopado, pelos vocais de alguns de seus cantores e grupos (como Cameo, ou os Bar-Kays). E ainda pela forte e rítmica seção de metais, pela percussão marcante e ritmo dançante. Nos anos 70 o funk foi influência para músicos de jazz (como exemplos, as músicas de Miles Davis, Herbie Hancock, George Duke, Eddie Harris entre outros). Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de funk à música com um ritmo mais suave. Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas (riffs) e principalmente dançantes. A essência da expressão musical negra norte-americana tem suas raízes nos spirituals, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Na música mais contemporânea, o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. O funk se torna assim uma fusão do soul, do jazz e do R&B. O funk ganhou espaço na mídia brasileira há pouco menos de uma década, embora sua história tenha quase trinta anos. O nascimento deste ritmo, como a de muitos outros no Brasil, está intimamente ligado aos Estados Unidos. O pianista norte-americano Horace Silver, na década de 60, pode ser considerado o pai do funk. Silver uniu o jazz à soul music e começou a difundir a expressão "funk style". Nesta época, o funk ainda não tinha a sua principal característica: o swing. Foi com James Brown que o estilo tornou-se dançante e ganhou o mundo. O soul music foi trazido ao Brasil por cantores como Gerson King Combo, que lançou em 1969 o disco Gerson Combo Brazilian Soul, com sucessos brasileiros como Asa Branca executados com a batida importada dos Estados Unidos. Tim Maia, Carlos Dafé e Tony Tornado também começaram a tocar sucessos do soul e adotaram a atitude e o estilo americanos do Black Power, fundando o movimento Black Rio. Gerson King Combo Mesmo sem participar diretamente do funk, Gerson é reconhecido como um dos pilares para o ritmo, pois foi um dos responsáveis pela vinda do soul music ao Brasil. Década de 1970 atualidades Nesta época surgiu também algumas derivações do funk como o Miami Bass, DEF, e a ramificação latina da Freestyle Music conhecida no brasil como Funk Melody que também faziam grande uso de samplers, Caixas de ritmos e sintetizadores. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos Break e Hip Hop.
Funk Miami Bass
Funk Brasil
O movimento funk tem raízes históricas e conteúdo social, mas assim como o rock'n roll transformou-se em atração comercial de grandes gravadoras e televisões que exploram este meio musical O funk carioca é uma variedade do funk surgida na década de 1980 originada nas favelas do Rio de Janeiro, derivada ainda de subgêneros como a Miami Bass, devido à sua batida rápida e aos vocais graves. Chamado apenas de funk em seu local de origem, também é conhecido por funk carioca em outras regiões do país e por baile funk no Canadá. Anos 1980 A partir da década de 80, os bailes funks no Rio começaram a ser influenciados por um novo ritmo da Flórida, o Miami Bass, que trazia músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas. As maiores partes das rádios dedicavam grande espaço em sua grade horária para os sucessos feitos no ritmo funk Ao longo da nacionalização do funk, os bailes - até então, realizados nos clubes dos bairros das periferias da capital e região metropolitana - expandiram-se céu aberto, nas ruas, onde as equipes rivais se enfrentavam disputando quem tinha a aparelhagem mais potente Com o tempo, o funk ganhou grande apelo dentre os marginalizados - as músicas tratavam o cotidiano dos freqüentadores: abordavam a violência e a pobreza das favelas. Anos 1990 Com o aumento do número de raps/melôs gravadas em português, apesar de quase sempre utilizar a batida do Miami Bass, o funk carioca começa a década de 90 já começando a ter sua identidade própria. As letras refletem o dia-a-dia das comunidades, ou fazem exaltação a elas (muitos desses raps surgiram de concursos de rap promovidos dentro das comunidades). Em conseqüência, o ritmo fica cada vez mais popular e os bailes se multiplicam. Ao mesmo tempo o funk começou a ser alvo de ataques e preconceito. Não só por ter se popularizado entre as camadas mais carentes da sociedade, mas também porque vários destes bailes funk eram os chamados bailes de corredor, onde as galeras de diversas comunidades se dividiam em dois grupos, os lados A e B, e com alguma freqüência terminavam em brigas entre si (resultando em alguns casos em vítimas fatais) que, acabavam repercutindo negativamente para o movimento funk. Com isso havia uma constante ameaça de proibição dos bailes, o que acabou por causar uma "conscientização" maior, através de raps que freqüentemente pediam paz entre as galeras. Em meio a isso surgiu uma nova vertente do funk carioca, o funk melody, com músicas mais melódicas e com temas mais românticos, seguindo mais fielmente a linha musical do freestyle americano, alcançando sucesso nacional, destacando-se nesta primeira fase Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, entre outros. Cabe notar que os DJs, nesse período, costumavam tocar de costas para o público nos bailes. A partir de 1995 aconteceu a grande fase do funk carioca. Os raps, que até então eram executados apenas em algumas rádios, passaram a ser tocados inclusive em algumas emissoras AM. O que parecia ser um modismo "desceu os morros", chegando às áreas nobres do Rio. O programa do Furacão 2000 na CNT fazia grande sucesso, trazendo os destaques do funk, deixando de ser exibido apenas no Rio de Janeiro, ganhando uma edição nacional. Artistas como Claudinho e Buchecha e Cidinho e Doca entre outros, tornaram-se referência nessa fase áurea, além de equipes de som como Pipo's, Cashbox, e outras. A Rádio Imprensa teve papel importante nesse processo, ao abrir espaço para os programas destas e de várias outras equipes.
Cidinho e Doca Nascido em um cruzamento entre o Miami Bass americano - uma variação primitiva do hip hop - e a linguagem característica dos morros e favelas do Rio de Janeiro, o funk carioca não encontra barreiras sociais em sua implacável expansão.Do sujeito mais “barão” ao mais humilde, toda a espécie de ouvinte é cooptado para o funk carioca....
Paralelo a isso, outra corrente do funk ganhava espaço junto às populações carentes: o proibidão. Normalmente com temas vinculados ao tráfico, os raps eram às vezes exaltações a grupos criminosos locais, às vezes provocações a grupos rivais, os alemães (gíria também usada para denominar as galeras inimigas). Normalmente as músicas eram cantadas apenas em bailes realizados dentro das comunidades e divulgados em algumas rádios comunitárias. Ao final da década, além de todas as variantes acima, surgiram músicas com conotação erótica. Essa temática, caracterizada por músicas de letras sensuais, por vezes vulgares, que começou no final da década, ganhou força e teria seu principal momento ao longo dos anos 2000. Anos 2000 Saindo das favelas em direção à cidade, o funk conseguiu mascarar seu ritmo, mostrando-se mais parecido com um rap americano e integraram-se um pouco mais as classes cariocas. Seu ritmo hipnótico e sua batida repetitiva também contribuíram para que mais pessoas se tornassem adeptas desse estilo musical, fazendo com que o estilo musical chegasse a movimentar cerca de R$ 10 milhões por mês no Estado do Rio, entre os anos de 2007 e 2008. O funk ganhou espaço fora do Rio e ganhou conhecimento internacional quando foi eleito umas das grandes sensações do verão Europa de 2005 e ser base para um sucesso da cantora inglesa MIA, "Bucky Done Gun". Um dos destaques desta fase, e que foi objeto até de um documentário europeu sobre o tema é a cantora Tati Quebra-Barraco que se tornou uma figura emblemática das mulheres que demonstram resistência à dominação masculina em suas letras, geralmente de nível duvidoso, pondo a mulher no controle das situações e as alienando. Contudo, o estilo ainda continua sendo alvo de muita resistência e preconceito, sendo bastante criticado por grandes intelectuais e grande parte da população, por muitas vezes apresentar uma linguagem obscena e vulgar. Grande parte do criticismo vem também da associação do ritmo ao tráfico, e ao hábito de seus adeptos executarem as músicas em potentes caixas de som, muitas vezes até altas horas da madrugada. Além disso, geralmente as músicas mostram a mulher como simples objeto de prazer e apelam para uma sexualidade explícita - ainda que completamente superficial. Época de origem:fim dos anos 60, nos EUA Instrumentos:guitarra, baixo (predominante) - percussão Época do auge:Anos 70, com 'revival' posterior no hip hop e funk-metal Ano 2000 até agora com o funk carioca no Brasil. No início quando o disco Funk Brasil 1 foi lançado - era cópia do Miami Bass, logo ganhou identidade local e atualmente é reconhecido e divulgado como o ritmo eletrônico do Rio de Janeiro por DJs, MCs e dançarinos de todo o planeta.
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