Liniker é black music. Liniker é samba e jazz. Liniker é Brasil
alex
7 de jan. de 2016
4 min de leitura
Cantor e compositor araraquarense lança seu primeiro EP, "Cru", em projeto ambicioso e culturalmente farto
O araraquarense Liniker de Barros Ferreira Campos, de 20 anos, é mais um daqueles típícos exemplos de pessoas que nascem com o viés artístico no sangue. De berço, mesmo. Vindo de uma família de músicos, ele cresceu ao som do samba, do samba rock, da black music, de maneira geral. Arriscou também passos no tradicional Baile do Carmo, muito por influência de sua mãe.Com o passar dos anos, por conta do encanto dessa magia que ilustrou sua infância, passou a buscar novas referências musicais e mergulhou em um processo de auto-reconhecimento artístico, passando a ensaiar seus próprios rabiscos.“Os meus tios sempre compuseram músicas que falavam de amor e eu sempre adorei. Logo passei a escrever as várias formas que enxergo este sentimento”, conta Liniker ao Tô Ligado.E essa pluraridade do amor é a tônica de seu mais recente e concreto trabalho, o EP “Cru”, que com três composições autorais e em português, mostra uma guitarra funkeada, baixo e bateria swingados, além de sopros, tudo isso para dar vida uma black music em uma linguagem conteporânea, para fazer o público dançar e cantar.Com apenas três músicas, o registro tem chamado atenção no circuito alternativo. Por exemplo, em apenas poucos dias, o vídeo para a canção “Louise du Brésil” registrou mais de 15 mil visualizações no You Tube. Além desta, o material conta com “Zero” e “Caeu”.“Toda essa rápida resposta me pegou de surpresa, confesso. A banda toda acredita muito no projeto. Demos e ainda damos o melhor de nós para que ele chegue nas pessoas e seja lindo, mas, quando vi que os views aumentavam a cada minuto, meus olhos marejaram. Recebo mensagens lindas do povo falando do trabalho. Ainda estou entendendo tudo isso, mas que continue assim”, analisa o artista.Origem Liniker, hoje com 20 anos, nasceu em uma família de artistasMas qual seria o principal tempero para o sucesso imediato de “Louise du Brésil’’? “Eu queria que ela fosse uma música contagiante, cheia de atitude e que as pessoas pudessem dançar muito quando ela tocasse. Este é o objetivo do EP, logo Louise precisava ser a primeira música a ser divulgada”, explica.Para gravar o projeto, Liniker recrutou uma banda de primeira, com influentes e militantes instrumentistas pratas da casa, como Guilherme Garboso (bateria), Márcio Bortoloti (trompete/trombone), Paulo Costa (baixo), Rafael Barone (baixo/guitarra), Willian Zaharanszki (guitarra), além de Bárbara Rosa, Ekena Monteiro e Renata Santos nos backing vocals. A formação para shows ainda será definida.Processo - O embrião de todo o projeto nasceu no ano passado, porém o EP só foi gravado (ao vivo) no dia 30 de julho de 2015, em Araraquara. Em parceria com o recém-lançado selo Vulkania, a produção executiva é de Marcio Bortoloti, Rafael Barone e William Zaharanszki. A captação e mixagem tem a assinatura de Dré Guines, do estúdio GOMAinc, de São Paulo.Além da gravação do áudio, uma equipe (Paulo Costa, Leila Penteado e Nivaldo Dakuzaku) fez o registro em vídeo de todo o processo. Até então, foram liberados os clipes de “Louise du Brésil” e “Zero”. Ambos podem ser vistos no Araraquara.com. Nesta quinta, ganha espaço “Caeu”.“Estar em um estúdio é sempre algo mais lento e refinado, porém as músicas explodiam, a vontade de ganhar o palco era muito grande. Resolvemos então fazer um registro de como seriam as canções no show, e a idéia de unir áudio e vídeo veio junto com tudo isso”, explia Liniker.“O Paulo estava completamente imerso no processo, inclusive como músico; o Nivaldo era uma pessoa que já vinha fazendo alguns registros em vídeo dos artistas do nosso entorno. E a Leila já havia trabalhado em outros projetos e veio completar o time. Então conhecemos o Dré Guines, que veio pra cá fazer os registros em áudio, que ficaram incríveis”, arremata.reprodução/facebookOrigem Liniker, hoje com 20 anos, nasceu em uma família de artistas‘Fé no independente’ - Louco para cair na estrada, Liniker apoia-se na força da cultura alternativa hoje no Brasil, que segundo ele, cresceu muito, principalmente nos últimos dez anos. Ele enxerga um futuro muito positivo, com o aumento de palcos abertos à música independente e com melhores condições estruturais e financeiras.“Temos uma gama grande de artistas independentes que circulam o País todo tocando suas músicas, formando sua base de público em cada cidade. E recebem o suficiente por isso. Quase todos os festivais produzidos no País contam com essas bandas na programação, e na maioria deles como destaques, como é o caso do festival Contato, realizado recentemente em São Carlos”, pontua.Uma possível turnê de divulgação de “Cru” está sendo estudada por Liniker e sua produtora, que inclusive, mira um importante evento de lançamento em Araraquara, terra natal de todos os artistas envolvidos no projeto. “A gente tá começando, tem muita coisa pra aprender ainda, muita. Isso é só o começo. Mas tá lindo, tô bastante feliz”, comenta.Além da música - Quem conferiu o clipe “Louise du Brésil’’, pôde notar um forte recorte cênico de Liniker. E tudo isso é natural, afinal hoje ele cursa o segundo ano de teatro em Santo André. Porém, foi em Araraquara também que ele tomou gosto pelo assunto, quando estudou dança e sapateado na Casa da Cultura.“Como diria a Nina Simone, ‘não dá pra ser um artista e não pensar a sua época’. É preciso estar aberto para receber todas essas informações que nos atravessam todos os dias, eu sinto que o meu corpo precisa ser uma porta pra tudo isso que vem. Tô aberto, que seja como tiver que ser, é tudo trabalho”, finaliza.
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